1.4.08

A Voz do Fumo

Lido hoje, no Diário de Notícias:

Ouvida a mais antiga gravação da voz humana

A mais antiga gravação conhecida da voz humana, com a duração de dez segundos, em que uma mulher canta "etereamente" a canção popular francesa Au Clair de la Lune, foi ouvida pela primeira vez em quase 150 anos, e apresentada numa conferência da Association for Recorded Sound Collections, que se realizou na passada sexta-feira, na Universidade de Stanford, na Califórnia.

Pensava-se até agora que uma gravação de Thomas Edison a cantar uma famosa canção infantil, Mary Had a Litle Lamb, em 1877, era a mais antiga de todas. Edison fez esta gravação para testar uma das suas muitas invenções - o fonógrafo. Esta gravação de Au Clair de la Lune foi feita a 9 de Abril de 1860 por um inventor francês, o parisiense Édouard-Léon Scott de Martinville, com um aparelho por ele concebido, o "fonautógrafo", que "desenhava" representações das ondas sonoras em papel coberto de fuligem proveniente de uma lamparina a óleo.

A gravação foi recuperada digitalmente pelo historiador e investigador americano David Giovannoni, que a encontrou em Paris, e a trabalhou com um grupo de historiadores, arquivistas e de engenheiros de som do Lawrence Berkeley National Laboratory, da Califórnia, que visam tornar acessíveis a toda a gente as mais antigas gravações feitas.

Giovannoni disse à agência AP que, a primeira vez que ouviu a gravação, sentiu uma impressão "mágica, etérea. A verdade é que foi registada em fumo. A voz está a vir de detrás de uma cortina de fumo sonoro".

A gravação não foi feita com a intenção de ser reproduzida, mas sim como uma experiência, por Scott de Martinville, mas as tecnologias modernas permitiram que passasse a ficar acessível ao ouvido humano.

Ainda segundo este investigador, a invenção de Thomas Edison não fica "de modo algum" relegada "para segundo plano" por esta descoberta, já que o americano foi, "verdadeiramente, a primeira pessoa a gravar a voz humana e a reproduzi-la".

(Nas imagens: o inventor, e a sua invenção)

22.3.08

O verdadeiro espírito pascal


Ontem à noite, a SIC exibiu, após a meia-noite, o filme «A Paixão de Cristo», de Mel Gibson, que nos dias anteriores fora anunciado de forma tonitruante.

Mas a emissão foi uma autêntica corrida de obstáculos: 30 minutos de filme, 14m50s de publicidade, depois mais 29 minutos de filme até ao segundo intervalo (14m29s de publicidade), antes de mais 28 minutos de filme até ao terceiro intervalo (que nos trouxe 10m40s de publicidade). E só depois, finalmente, os últimos 22 minutos de filme.

A matemática é fácil de fazer: 109 minutos de filme recheados com mais uns bons 40 minutos de publicidade. Também não custa muito determinar a que horas terminou a transmissão, nem imaginar quão poucos foram os espectadores que resistiram a tal provação.

Ah, e como a estação se gaba muito de apoiar o cinema e respeitar as artes e os artistas, a ficha técnica voltou a ser eliminada - provavelmente para não tirar lugar à publicidade que se seguiria.

20.3.08

Canções em visita


Paulo Pedro Gonçalves voltou a Lisboa por alguns dias, e voltou a compôr canções.
«As Bombas do Rohypnol» servem assim para voltar também a este blog.