30.9.09

Perguntas ágeis, em defesa do fumo

«(...) We don't have a very representative parliament. They seem to discuss trivia and nothing else. Because of technology we are probably moving into a period of chaos. Power is shifting, and I'm aware this has a great deal to do with images and their distribution. The political class is confused. There seems to me to be a growing madness, smoking is down, obesity is up; is there any relationship here? (...)»

1.4.08

A Voz do Fumo

Lido hoje, no Diário de Notícias:

Ouvida a mais antiga gravação da voz humana

A mais antiga gravação conhecida da voz humana, com a duração de dez segundos, em que uma mulher canta "etereamente" a canção popular francesa Au Clair de la Lune, foi ouvida pela primeira vez em quase 150 anos, e apresentada numa conferência da Association for Recorded Sound Collections, que se realizou na passada sexta-feira, na Universidade de Stanford, na Califórnia.

Pensava-se até agora que uma gravação de Thomas Edison a cantar uma famosa canção infantil, Mary Had a Litle Lamb, em 1877, era a mais antiga de todas. Edison fez esta gravação para testar uma das suas muitas invenções - o fonógrafo. Esta gravação de Au Clair de la Lune foi feita a 9 de Abril de 1860 por um inventor francês, o parisiense Édouard-Léon Scott de Martinville, com um aparelho por ele concebido, o "fonautógrafo", que "desenhava" representações das ondas sonoras em papel coberto de fuligem proveniente de uma lamparina a óleo.

A gravação foi recuperada digitalmente pelo historiador e investigador americano David Giovannoni, que a encontrou em Paris, e a trabalhou com um grupo de historiadores, arquivistas e de engenheiros de som do Lawrence Berkeley National Laboratory, da Califórnia, que visam tornar acessíveis a toda a gente as mais antigas gravações feitas.

Giovannoni disse à agência AP que, a primeira vez que ouviu a gravação, sentiu uma impressão "mágica, etérea. A verdade é que foi registada em fumo. A voz está a vir de detrás de uma cortina de fumo sonoro".

A gravação não foi feita com a intenção de ser reproduzida, mas sim como uma experiência, por Scott de Martinville, mas as tecnologias modernas permitiram que passasse a ficar acessível ao ouvido humano.

Ainda segundo este investigador, a invenção de Thomas Edison não fica "de modo algum" relegada "para segundo plano" por esta descoberta, já que o americano foi, "verdadeiramente, a primeira pessoa a gravar a voz humana e a reproduzi-la".

(Nas imagens: o inventor, e a sua invenção)

22.3.08

O verdadeiro espírito pascal


Ontem à noite, a SIC exibiu, após a meia-noite, o filme «A Paixão de Cristo», de Mel Gibson, que nos dias anteriores fora anunciado de forma tonitruante.

Mas a emissão foi uma autêntica corrida de obstáculos: 30 minutos de filme, 14m50s de publicidade, depois mais 29 minutos de filme até ao segundo intervalo (14m29s de publicidade), antes de mais 28 minutos de filme até ao terceiro intervalo (que nos trouxe 10m40s de publicidade). E só depois, finalmente, os últimos 22 minutos de filme.

A matemática é fácil de fazer: 109 minutos de filme recheados com mais uns bons 40 minutos de publicidade. Também não custa muito determinar a que horas terminou a transmissão, nem imaginar quão poucos foram os espectadores que resistiram a tal provação.

Ah, e como a estação se gaba muito de apoiar o cinema e respeitar as artes e os artistas, a ficha técnica voltou a ser eliminada - provavelmente para não tirar lugar à publicidade que se seguiria.

20.3.08

Canções em visita


Paulo Pedro Gonçalves voltou a Lisboa por alguns dias, e voltou a compôr canções.
«As Bombas do Rohypnol» servem assim para voltar também a este blog.

22.11.06

A biometria e as identidades flutuantes


O Reino Unido introduziu no uso comum os novos passaportes biométricos, e um repórter do The Guardian conseguiu, em menos de 48 horas, aceder aos dados encriptados num desses documentos. Os novos passaportes biométricos também já começaram a ser emitidos aqui em Portugal, e a tecnologia será seguramente aplicada a outros tipos de cartões de identificação. Por isso, vale muito a pena estar a par desta história.

17.11.06

Diggin' - Bicaense 15.11.2006




Tuba, trompete, saxofone e uma bateria quase portátil encheram o ar de cores enquanto, lá fora, a chuva inundava a calçada. O guitarrista de blues, em fundo, permaneceu estático durante toda a actuação. O público (que aliás não era muito) antes pelo contrário. Dois "sets" para uma noite em cheio - apesar de não ser uma noite de enchente, mas de enxurrada.

Mizoguchi, 11.11.2006















«Os Amantes Crucificados». No escuro, ao fundo, em tarde de sábado. Até Fevereiro, há mais umas dezenas de filmes para rever na Gulbenkian.

13.11.06

Arte em carne, carne em arte


Sexta-feira, 10 de Novembro: era noite de São Martinho, mas era também noite da penúltima apresentação dos OPNI's - Objectos Performativos Não Identificados - que durante algumas semanas ocuparam diariamente as sessões noturnas no Espaço Karnart, uma autêntica ilha no centro de Lisboa.

Em cada dia, um OPNI diferente. Sexta-feira trouxe assim uma noite de convívio relativamente íntimo com «Mica Cardoso», uma «teatróloga do Ministério da Cultura», que se «especializou no trabalho da Karnart» e conduziu os circunstantes (de várias nacionalidades) numa visita ao espólio acumulado por aquele colectivo ao longo da sua existência: filmes, spots, fotografias, apontamentos, currículos, adereços, colaborações, dossiers de produção, contabilidades de produção - enfim, tudo aquilo que fora a menina dos olhos do «falecido Luís Castro». O qual «como toda a gente sabe, se suicidou no ano passado», dizia ainda a Mica.

Foi também mais uma oportunidade para divulgar o conceito de Perfinst criado pelo mesmo Luís Castro nos finais do último século: uma encruzilhada entre performance e instalação, na qual o corpo dos actores se objectifica enquanto os objectos instalados ganham, eles próprios, significações inauditas, uma outra espessura conceptual e mesmo uma certa «carne».

Ah, e foi servido um excelente chá! O que, além de simpático, é até generoso, se atentarmos nos meros 5 euros do ingresso.

Em suma, vale muito a pena estar atento(a) ao calendário da Karnart. A programação para 2007 será anunciada dentro em breve.

The Kills - ao vivo no Lux 05.11.2006





Um concerto à tarde - e ainda para mais em tarde de domingo - é um luxo inesperado; e sobretudo quando é apresentado como um «showcase» só para convidados. Assim se reuniram umas duas centenas de almas para assistirem à primeira apresentação em Lisboa (e possivelmente em Portugal) do duo britânico The Kills, que no entanto já haviam servido de tema à capa da Les Inrockuptibles em Maio de 2003 e à capa da Rock et Folk em Maio de 2005, entre muitas outras.

Trata-se de um dinâmico duo anglo-americano que, com pouco mais do que voz, guitarra e algumas pré-programações, constrói momentos musicais positivamente entusiasmantes. Ele chama-se Jamie Hince, mas hoje em dia é conhecido por «Hotel»; ela chama-se Alison Mosshart, mas prefere ser conhecida como «VV». Já foram fotografados por David Bailey, o que atesta bem que são eles hoje o hype. Ouvem-se neles ecos dos Young Marble Giants (aqui em versão ácida) e do ímpeto de PJ Harvey. Já houve, no entanto, quem chamasse «punk-blues» ao som que produzem. A referência ao punk não é despropositada, se tivermos em atenção alguns dos temas mais fulgurantes do seu repertório: «Fuck the People», e «No Wow» («There ain't no Wow now»). A referência ao blues também não. Na dúvida, podem consultar-se a discografia e as letras das canções aqui.

Citações avulsas a ter em conta: «We don't want to be in a scene. We want to be our own scene» (Hotel). «No-one's gonna know our plan. It's the only way to stay on top of things» (VV)

Explicação de um hiato

De Julho a Novembro vai um grande intervalo. Mas foi um Verão intenso, e particularmente ocupado com a finalização de Brava Dança. Voltemos agora ao fio dos dias.