29.5.06

Regresso aos Açores












A 2000 quilómetros de outro lugar qualquer as pessoas atapetam as ruas com flores. É uma terra de milagres - o primeiro dos quais é ser terra e existir, ali, no meio de tanta água. Habita-se uma força vital de cada vez que se comem os tremoços e as lapas com massa de pimentão, ou quando se aspira o perfume dos ananases e das criptoméridas (agora me lembro). Da Vista do Rei não se conseguia vislumbrar a mínima parte das Sete Cidades, o que é muito natural. Nas ruas de Ponta Delgada, as pessoas acotovelavam-se para comprar ou depositar os seus círios ardentes: eram as Festas do Santo Cristo, para mim as primeiras, para eles um ritual que chama milhares, vindos de toda a parte. Alguns, vimos, vêm a pé; outros, muitos, chegam de avião. Foi um regresso beatífico, graças ao simpático convite das Criações Periféricas para ir ao Teatro Micaelense falar de «música, traduções, filosofia». Falei - da música, quase nada. A Cristina L. Duarte, a Margarida Gil, o Armando Silva Carvalho, também falaram, cada um na sua tarde. O Rui Zink tinha por lá passado uns dias antes. Eu e a CD passámos a manhã de sábado nos estúdios da RDP, frente ao dinâmico e grácil Sidónio Bettencourt. Foi bom rever o Bruno e o João da Ponte, conhecer a Diana Diegues, a Blanca, o Miguel Wallenstein. Obrigado a todos. O Zé Paiva e a Belinha têm um barco novo - haveremos de ir a Sta. Maria, afogar os olhos no azul. Como se fôssemos formigas.