17.7.06

Do mundo como ser vivo







«É pois necessário aceitar como princípio que o universo é um vivente único, o qual compreende todos os seres vivos que lhe são interiores, e que possui uma alma única, a qual se estende em todas as suas partes... Existe pois uma simpatia entre todas as partes desse ser unificado; e ele é como um único ser vivo, no qual as respectivas partes estão próximas apesar da sua distância (...) As partes semelhantes, sem serem contíguas, e se bem que separadas entre si por partes diferentes, são semelhantemente afectadas devido à sua similitude; e é necessário que se transmita à distância um efeito que não é de origem contígua, porque num ser vivo existe uma finalidade única, e nenhuma parte está localmente tão separada que todavia não esteja próxima, em virtude da simpatia natural que unifica o ser vivo.» (IV, 4, 32)

«O mundo aqui de baixo não é verdadeiramente uno; é múltiplo, e de uma multiplicidade que resulta da divisão em partes distantes umas das outras, estranhas umas às outras. Não é somente a amizade que aí reina, mas a rivalidade derivada da dispersão na extensão, porque a carência necssariamente provoca a hostilidade recíproca. Cada parte, com efeito, não se basta a si mesma; para se conservar tem necessidade de outra, e assim se torna agressiva relativamente aquela de que tem necessidade para se conservar.» (III, 2, 2)

Plotino, Eneadas

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